quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Valsando


Caminhava distraída sobre um chão repleto de estrelas quando descobriu.

Ela que sempre havia desejado em voz alta, aprendeu que é preciso desejar bem baixinho, bem baixinho...
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Entendeu quando, sem querer, tropeçou no fio do mundo.
*
Um fio, com cheiro de flor, que mantinha o manto azul do céu atado à beirinha verde da terra.

Descobriu espantada que os deuses escutam, atrás do manto estão todos lá, ouvindo.

Os deuses escutam!

Todos os dias, ao acordar, repete bem alto, só para lembrar.

Cuidado mocinha! Cuidado com o que você deseja.

E vai que eles acontecem?

É preciso ter muita certeza para desejar bem alto.

E você sabe, a certeza mora na casa do impossível, já os deuses...

Os deuses existem, e escutam.




Autor desconhecido



sábado, 18 de setembro de 2010



Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro."

terça-feira, 11 de maio de 2010

Filosofia - Heráclito de Efeso


Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia (atual Turquia). Diógenes Laércio relata que "Heráclito, filho de Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da 69ª Olimpíada (504-501 a.C.). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros". Por seu desprendimento em relação ao poder e pelo desprezo que dedicava aos bens materiais, Heráclito não era simpático aos efésios, que eram exatamente o seu oposto. Foi, aliás, muito criticado por seus concidadãos quando conseguiu convencer o tirano Melancoma a abdicar para ir viver nos bosques, em livre contato com a natureza. Heráclito era acusado de desprezar a plebe, de se recusar a participar da política - essencial aos gregos) - e de desdenhar os poetas, os filósofos e a religião. Misantropo, viveu na solidão do templo de Ártemis. O mesmo Diógenes nos conta: "Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes: De que vos admirais, perversos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a República convosco?
Sem ter sido mestre, Heráclito escreveu um livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas de forma tão concisa que recebeu o cognome de Skoteinós, o Obscuro. Floresceu em 504-500 a.C. - Heráclito é por muitos considerados o mais eminente pensador pré-socrático, por formular com vigor o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas particulares e transitórias. Estabeleceu a existência de uma lei universal e fixa (o Lógos), regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia universal, harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira".